terça-feira, 26 de junho de 2012

MUSICALIZAÇÃO

A musicalização é direito de todas as pessoas, de qualquer faixa etária, de qualquer nível social e de qualquer sexo.
O canto coral é um canal eficiente para o desenvolvimento da musicalidade. Todo processo de musicalização, além de levar em conta o universo sonoro de sua clientela, precisa ampliá-lo através da atividade musical orientada, para só então pensar na questão do código gráfico. O coro constitui-se assim na situação mais favorável para o desenvolvimento da musicalidade: o falar.
A música tem sido reduzida a lazer, a terapia, a supérfluo, a pano de fundo. Claro que ela pode se configurar dessa forma restrita mas nós músicos conscientes de nosso papel, temos a obrigação de reverter e ampliar essa condição.  
A música é uma das formas de conhecimento, o que não significa apenas acúmulo de informações antropológicas e históricas que se constituem em acervo cultural da humanidade mas, antes de mais nada, a música enquanto conhecimento é uma forma organizada de signos resultante da conjuntura sócio-político-econômico-cultural. (Em um país como o nosso, plural e heterogêneo, há que se levar em conta suas diversas especificidades.) A organização destes signos quando se escolhe como material de trabalho o som - entidade concreta - se configura em música que, portanto, expressa e reflete a realidade.
No Brasil, apenas a partir de 1935 a arte passou a ser levada em conta como decisiva para o processo educacional, assim mesmo para uns poucos mais especulativos e bem informados. Ainda hoje, muitos situam o artista como um ser extraterrestre, possuidor de um dom especial que já nasce pronto. Poucos percebem o árduo trabalho presente na atividade musical. Logico está que, como em todas as profissões, ser artista pressupõe uma série de características necessárias; por isso, nem todos podem ser músicos mas todos podem ser musicalizados, da mesma forma que a todos deve ser propiciado falar, ler e escrever, embora nem todos sejam oradores, locutores ou poetas.    
A arte na educação foi introduzida por Villa Lobos, em relação à música, e por Augusto Rodrigues em relação às artes plásticas. Desde aí caracterizou-se uma ruptura entre as duas áreas, o que até hoje traz consequências. Se por um lado para a proposta musical o objetivo era desenvolver a disciplina e o civismo, para as artes plásticas o fundamental era desenvolver a livre expressão, o expontaneismo, o experimentar. Ambas as trajetórias já foram revistas e o essencial é entendermos que, enquanto educadores musicais, fazemos arte-educação e portanto precisamos conhecer, analisar e debater sobre os pressupostos filosóficos, metodológicos e pedagógicos que embasam tal processo.

Valéria Peixoto
Painel Funarte de Regência Coral
Projeto Villa Lobos   

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